Baixa procura de sócios faz com que clube catalão abra venda para turistas e não demarque área especial para torcida visitante. Clima de paz prevalece.
Sol, praia e futebol. Se o primeiro confronto entre Real Madrid e Barcelona na temporada 2012/2013, pela decisão da Supercopa da Espanha, reuniu amantes do futebol em frente a televisões ao redor do mundo, no Camp Nou parecia ser “apenas” uma atração de luxo no roteiro de turistas que curtem o verão europeu. Com a desistência de muitos sócios do time catalão, que tinham direito aos ingressos de graça, a diretoria do Barça aproveitou para lucrar com a alta temporada e dar um clima mais relaxado ao confronto. Uma prova disso é que culés e merengues assistiram lado a lado a vitória do time da casa por 3 a 2, sem demarcação de área para os visitantes, como é costume.
A regra em jogos no estádio é para que torcedores rivais do Barcelona fiquem “isolados” em um setor no terceiro piso do estádio, do lado direito oposto ao das tribunas de imprensa. Não foi o que aconteceu desta vez. Já nos arredores do Camp Nou, torcedores desfilavam misturados com suas camisas, em cena que se repetiu dentro do estádio. A justificativa dada para a medida foi a baixa procura de torcedores de Madrid e até mesmo dos sócios catalães, que optaram por curtir as férias em vez de exercerem o direito ao ingresso. Com isso, até poucas horas antes do apito inicial, bilhetes eram vendidos em tendas oficiais na Rambla, avenida turística de Barcelona, com valores entre R$ 180 e R$ 450.
O público diferente também levou ao Camp Nou muitas bandeiras das mais distintas nacionalidades. Mas a maioria vestia uma mesma camisa: a do Barcelona. Mesmo que não sejam os fieis torcedores de toda temporada, os “culés de verão” apoiaram a equipe durante os 90 minutos e não perderam a oportunidade de vaiar Cristiano Ronaldo a cada toque na bola até o gol marcado pelo português, aos nove do segundo tempo. A partir daí, a prioridade foi celebrar os três gols que garantiram a virada ao Barça com o tradicional grito: “Olelê, olalá, ser do Barça é o melhor que há”.
Vale registrar que a integração entre torcedores das duas equipes não causou tipo algum de briga ou confusão e tudo transcorreu normalmente durante os 90 minutos. A medida bem sucedida coincide justamente com a semana de clássicos no Brasileirão, onde a preocupação com o confronto de torcidas é evidente. Em Minas Gerais, por exemplo, o Atlético-MG, líder do campeonato, entrará em campo “sozinho”, já que a polícia local permitirá apenas a presença de torcedores do Cruzeiro, mandante do
jogo, no estádio Independência.
Nem tudo, no entanto, foi positivo na quinta de clássico espanhol. Mesmo com o horário avançado da partida (22h30m em Barcelona), não houve qualquer planejamento especial para o transporte público.
O metrô fechou normalmente à 0h, e ônibus eram escassos, apenas com linhas noturnas. O panorama dificultou, e muito, a volta para casa dos torcedores, que permaneceram nas ruas por até mais de duas horas após o apito final e sofreram com preços abusivos de (raros) taxistas.
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